PSOL


O Partido Socialismo e Liberdade surgiu da indignação da população com as tomadas de decisões do Governo Luiz Inácio Lula da Silva, desde a  posse dele em 2003. As vozes da esquerda do PT mantinham-se poderosas e bradavam contra incompatíveis decisões tomadas naquele ano pela ala governista. Opuseram-se, por exemplo, à indicação de Henrique Meireles para presidente do Banco Central e à de José Sarney para presidente do Senado.
Um grande embate ocorreu em junho de 2003, quando a então senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados federais Luciana Genro (RS), Babá (PA) e João Fontes (SE) votaram contra a Reforma da Previdência, e um grupo de parlamentares, entre eles Maninha (DF), Ivan Valente (SP), Chico Alencar (RJ), João Alfredo (CE) e Orlando Fantazzini (SP), se absteve na votação. Para eles, a reforma não respeitava as necessidades e os direitos dos trabalhadores brasileiros e dos aposentados.
A decisão de manter a postura em defesa da população brasileira resultou na expulsão de Heloísa, Luciana, Babá e Fontes pelo PT, em dezembro de 2003. Sem partido, os parlamentares, além de militantes e intelectuais socialistas inconformados, realizaram, em 19 de janeiro de 2004, uma primeira reunião e aprovaram por unanimidade a constituição de  movimento por um novo partido: o documento Por Uma Esquerda Socialista e Democrática. Nos meses seguintes, outras reuniões aconteceram no Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Sergipe e Pará.
Entre  4 e 6 de junho de 2004, foi realizado o 1.º Encontro Nacional, quando se definiu o nome Partido Socialismo e Liberdade – PSOL. Um partido democrático, com amplo debate e estímulo à crítica e à autocrítica, à criatividade e à elaboração coletiva, garantindo pleno direito de tendência, a necessidade da unidade nas ações, tendo como objetivos e bandeiras a construção de uma sociedade socialista, com democracia, liberdade, respeito aos direitos humanos, aos direitos civis e à natureza, apoiando as mobilização pelas reivindicações da classe trabalhadora, como a luta por melhores salários e pelo direito ao trabalho, a qualidade da educação e da saúde, e o combate à economia imperialista.
Com quase 700 mil assinaturas, o PSOL obteve o registro definitivo na Justiça Eleitoral, em 15 de setembro de 2005, adotando o número 50 como representação. O Partido começou a receber novas adesões, causadas pelo Escândalo do Mensalão (esquema de pagamento de propinas do governo a parlamentares) e por mudanças regressivas e repetidas nos fundamentos defendidos anteriormente pelo PT. No dia 30, filiaram-se nomes como João Alfredo, Ivan Valente, Chico Alencar, Orlando Fantazzini e Maninha, além de vários deputados estaduais, vereadores e lideranças sindicais e populares, como Plínio de Arruda Sampaio e Edmilson Rodrigues.
Entre  26 e 28 de maio de 2006 foi realizada a 1.ª Conferência Nacional do PSOL, que oficializou a candidatura de Heloísa Helena à Presidência da República. Com apoio da Frente de Esquerda (PSOL-PCB-PSTU), Heloísa obteve 6,5 milhões de votos (6,85% do total de votos válidos), ocupando o terceiro lugar. O Partido lançou candidatos majoritários e proporcionais em todos os estados.
Nas eleições de 2006, o PSOL elegeu para a Câmara dos Deputados Luciana Genro (RS), Chico Alencar (RJ) e Ivan Valente (SP) e para Assembleias Legislativas Raul Marcelo (SP), Carlos Giannazi (SP) e Marcelo Freixo (RJ), e assumiu a vaga de senador o companheiro José Nery (PA).

 “O revolucionário que não consegue confiar suficientemente em si mesmo é naturalmente levado a confiar demais na ‘força das coisas’ ou na dinâmica ‘inexorável’ de uma história-destino.” Leandro Konder

Desafios do PSOL

Esta nova situação fornece elementos que nos levam a reconhecer que o momento atual é extremamente complexo, gerador de um espectro de contradições que sinalizam um quadro de absoluta imprevisibilidade. O futuro é um horizonte aberto de possibilidades e rico em potencialidades para o PSOL. No entanto, esta conclusão, por mais importante que seja, apenas pressagia os desafios e responsabilidades que em sua tenra idade o PSOL historicamente já assume. Temos de converter aquilo que hoje é possibilidade e potencialidade em alternativa e força política real.
No atual estágio da luta política brasileira coadunou-se, a um só tempo, a crise política propriamente dita com brechas que promovem uma possível viabilidade em favor do PSOL como alternativa socialista e popular. Levando em conta os fatores imponderáveis, a consolidação e viabilização do PSOL dependem também da clareza política de verificação correta das condições históricas e conjunturais, para saber ocupar o espaço à esquerda que se apresenta. Neste sentido, será indispensável estar abertos a dialogar e disputar a energia contida nos movimentos e lutadores do povo, entre os quais aqueles que, contraditoriamente, ainda guardam expectativas ilusórias com o lulo-petismo. Um partido socialista é necessariamente um partido com forte militância, com grande influência das massas populares e dotado de uma estratégia que acumule forças em direção ao nosso objetivo maior: o socialismo.